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:: 24.9.04 ::

Capítulo V, parte 1.

Tá na hora de mudar de assunto, né? hehehe....

Vocabulário: ghi'en quer dizer "criativo" e é um apelido dos ghi'als, povo de Don.


"Pouco mais tarde, os dois jovens enfrentavam a análise dos olhos escuros e zombeteiros de Anie Tame-He'ir na mesa principal dos heaklas, sentados de cada lado do seu belo novo amigo. O homenzinho mordeu com apetite um vegetal cor-de-rosa de seu prato sem deixar de examiná-los, ergueu as sobrancelhas e disse:

- Não sei como os sukaks conseguem fazer esse akun tão bom. Já tentei de todas as maneiras, não há como ficar igual. Quase sempre que venho a Gabra peço a mesma comida, não é tudo que tem sabor nessa cozinha deles, mas o akun fica simplesmente maravilhoso - de repente seu olhar tornou-se maldoso. - Mas não posso esquecer de dar meus parabéns, Mishe. Você caprichou. São dois belos exemplares de rapazinhos.

- Anie! - Mishe deu uma risada e ficou vermelho até os cabelos.

O líder disfarçou um sorriso e estendeu as mãos para os jovens. Uma pousou suavemente sobre a mão rígida de Kaylan, mas Don puxou o corpo para trás e escondeu os braços sob a mesa.

- Calma, eu não mordo, ghi'en , e já passei da idade de me interessar por adolescentes - deu um riso abafado. - Mas Mishe, ah, esse Mishe, vocês não conhecem sua fama? O conquistador, o que pacificou os homens-cavalos só com suas palavras e seu charme, o homem que arrasta multidões a seus pés com um mero olhar. O poeta sedutor de menininhas, aquele cuja beleza enlouqueceu seu amante até o crime. Nunca ouviram falar?

- Anie... por favor...

O tom lamurioso de Mishe arrancou uma risada do mais velho, que tomou suas mãos com ternura:

- Ah, Mishe, Mishe, há quantos anos eu faço a mesma brincadeira com todos os seus amigos. Não levem nada do que eu disse a sério, filhos, Mishe Palaki-Thara é a criatura mais leal, mais sem maldade que conheço. É inteligente, honesto, até se expõe demais nos seus sentimentos, o que é fatal para um diplomata. Não seria capaz de seduzir por diversão... como eu.

Riu, baixando as pestanas douradas sobre os olhos como se confessasse um pecado. Don olhou fascinado para sua pele lisa, sem uma só marca que denunciasse sua idade, para o rosto tão peculiar que era difícil dizê-lo belo ou feio. Anie pareceu sentir sua análise e encarou-o por um segundo. Seus olhos castanhos, enfim o mais atraente naquele corpo miúdo, pareceriam os de um menino, não fosse a malícia que brilhava no fundo deles."
:: Tovah ::
# 17:12 Dizaê!
...
:: 15.9.04 ::
Capítulo IV, parte 9.

No trecho anterior, Kaylan e Don foram apresentados a Mishe, terminando com uma fala dele para o ghi'al. Vocabulário: telal é o dom da intuição e do presente, ghytz é o dom do futuro. Enkaf é equivalente a "senhor".

"Deu um grande sorriso para Don e ofereceu-lhe as duas mãos, convidando-o à saudação heakla. O rapaz apertou-as e sentiu a tensão no homem. Teve vontade de dizer alguma coisa bonita como ouvira de Heine, mais cedo, mas não conseguiu pensar em nada e apenas sorriu desajeitadamente, respondendo:

- Don Vari, dos ghi'als.

Fizeram a saudação ghi'al ao mesmo tempo. Então os belos olhos de Mishe voltaram para Kaylan e ele começou a rir, esfregando as mãos no rosto:

- Alma-shaki, que sensação esta! Parece que mergulhei no meu passado... há 20, 25 anos. Imagine, o filho de Brindin... e você. Não me diga que é de Darik.

- Não, nasci na estrela Ga'ak.

- Ah... na fronteira distante. Há preciosidades arqueológicas lá. Darushel, que vocês dizem Darusl, um paraíso para os historiadores... Ainda quero conhecê-la. Morei em Malka, estudando justamente história antiga, e não tive a oportunidade de ir à fronteira distante.

Tornou a rir, desta vez mais relaxado.

- Não sei quanto a vocês, mas estou com fome. Gostaria de tê-los à minha mesa para continuarmos a conversa. Quero notícias de Brindin e... - Don estremeceu quando os olhos mergulharam novamente nos seus - não sei, mas eu sinto... algo que não sei explicar, é como... não adianta, só o telal não é suficiente para descrever, talvez eu precisasse de ghytz. É como se algo muito importante conectasse vocês dois... e eu.

Don e Kaylan entreolharam-se surpresos, e pareceram percorridos pela mesma corrente elétrica quando as mãozinhas quentes de Mishe pousaram em seus braços. Sua voz baixa e lenta, com o acento sensual tão característico dos heaklas, hipnotizou-os.

- Sei que tenho idade para ser pai de vocês e que minha conversa só pode dar sono a dois jovens. Mas eu peço que esta noite jantem à minha mesa. - Olhou para um e para outro e de repente retraiu-se. - É claro, se estiverem disponíveis e seus líderes permitirem...

- Acho que não há problema... - começou Kaylan, mas Don disse quase ao mesmo tempo:

- Eu não posso... eu acho que não posso, meu dever é...

- Você vem sim, Don, vamos! - Kaylan tomou seu braço com um entusiasmo que contrastava com seus habituais modos contidos. Havia uma chama no fundo dos olhos negros. - Peça a enkaf Nekt, não vai ter problema, uma noite só de folga. E acho que ele não vai negar nada a esse um, hoje.

Virou-se para o heakla, que devolveu-lhe um sorriso tímido.

- Acho que ninguém negaria nada para alguém como ele, jamais - disse Don, sem pensar. Imediatamente, Mishe baixou o rosto e sua pele cor de ouro tingiu-se de carmesim. Sua voz saiu quase inaudível:

- Vocês não têm idéia de que mestre rigoroso Nekt pode ser. - Ergueu a cabeça para Don, evitando seus olhos. - Falarei com ele, isto é, se você permitir."
:: Tovah ::
# 19:45 Dizaê!
...
:: 8.9.04 ::
Capítulo IV, parte 8.

Espero que agora algumas coisas comecem a fazer sentido ;-) No trecho anterior, deixamos conversando Nekt dos ghi'als, Heine dos terlizes, Anie dos heaklas e o belo Mishe, próximos a Kaylan e Don. A última frase do trecho é uma fala de Anie a respeito de Mishe. Vocabulário: rheka-maka é o chefe de um clã terlize. Alma-shaki... preciso repetir? ;-) Suka'en é o dom de conhecer o passado, e também a simples memória.

"Pôs a mão no rosto do mais jovem, com cumplicidade. Era evidente o orgulho que tinha de seu discípulo. A intimidade entre eles parecia tão inusitada para Don que ele desejou saber o que significava para um heakla. Mal formulara o pensamento, Anie virou-se bruscamente em sua direção e olhou-o com indisfarçável surpresa. Quase no mesmo instante, o ghi'al soube, de uma forma que não conseguia explicar, que era um costume do Povo Dourado os amigos trocarem carinhos daquele modo. Mas não aprendeu mais pois, no segundo seguinte, o líder do povo dourado já controlara a perturbação e dirigia-se para Heine novamente:

- Não sei se você sabia, mas Mishe é adotivo do povo feiticeiro.

- Kaukine terlize? Não me diga! De qual clã, dos Ti'er ou dos Sandz? Ou será dos Eli'or? Eamen, o líder de nossos diplomatas, é Ti'er da estrela La'are...

- Não, na verdade, nenhum da fronteira. Morei alguns anos com os Ketz, em Ketar de Isinie - murmurou Mishe. - Mas isso faz muito tempo...

- Olha que engraçado! Dos Ketz de Ketar! Nosso secretário é Ketz por parte de mãe, quem sabe você não a conheceu. Kaylan? Pode vir até aqui?

O jovem aproximou-se, seguido de Don, enquanto Heine continuava:

- É claro que os Ketz não são um clã de muito prestígio, mas Kaylan pertence aos Heidl. Heida não é muito longe de Ketar, talvez você conheça.

- Heidl! - Mishe exclamou erguendo os olhos, primeiro para ela, depois para Kaylan. Sua mão tremia quando tocou o pulso estendido do rapaz.

- Muito prazer, sou Kaylan Heidl, de Heida de Isinie, neto do rheka-maka Tam Heidl, que é Zaud por parte de mãe...

- Você é o filho de Kalum Heidl, filho de Tam Heidl... sim? - o heakla mirou-o com ansiedade.

- Sim, sou o mais velho dos dez filhos de Kalum Heidl e Brindin Ketz-Heidl... você conheceu minha mãe?

- Alma-shaki! Eu vi você uma vez só... assim! - fez com as mãos o tamanho de um bebê. - Está um homem feito... não posso acreditar, o filho de Brindin! Você parece com seu pai. Ele era um rapaz tão doce, como ela merecia. Veja só isso, o filho de Brindin. Está mais alto que eu.

Passou as mãos no rosto dele, como se não acreditasse, e de repente deu-se conta da presença de Don. Olhou dele para Kaylan, depois de volta para ele, e disse:

- É seu irmão?

- Don? Meu irmão? - Kaylan riu nervosamente. - Não, claro que não, é um amigo, ele...

- Claro. Ele é ghi'al, claro, não é um meio terlize. Não sei por que disse isso. Vocês nem mesmo se parecem. A não ser... Eu sinceramente não sei por que disse isso.

- Suka'en - intrometeu-se Nekt. - A memória é confusa às vezes. Ele não lembra Edei?

Mishe pareceu levar um choque. Aproximou-se de Don, examinando-o atentamente. Pôs a mão sobre o rosto do jovem, fechou os olhos e suspirou muito fundo:

- Não como eu me lembro dele. Posso vê-lo como era. Era tão moreno quanto este, sim, e tinha os mesmos cabelos, os mesmos olhos azuis, mas o olhar... - abriu os olhos dentro dos olhos de Don, paralisando-o. - Você tem um olhar tão ingênuo e confiante, enquanto Edei... Alma-shaki, você tem tanto a viver ainda. Pensando bem, se eu não o tivesse conhecido tão bem talvez achasse... Mas você não tem culpa de nada. Eu sou Mishe Palaki-Thara, dos heaklas."
:: Tovah ::
# 23:23 Dizaê!
...
:: 2.9.04 ::
Capítulo IV, parte 7.

No trecho anterior, o sacerdote Nekt deixou Don e Kaylan conversando na saída do primeiro dia do Conselho. Vocabulário: maka-sha'iz é supremo sacerdote. Alma-shaki é uma interjeição similar a "meu deus". Enkaf é similar a "senhor" ou "senhora".

"Mas os dois nem sequer começaram a conversar quando ouviram uma voz máscula, mas suave, bem perto de si:

- Nekt. Há quanto tempo!

Viraram-se ao mesmo tempo. O lindo sorriso de Mishe Palaki-Thara, e seu corpo inteiro irradiando felicidade, chegara até o maka-sha'iz, tão perto deles. Começou a unir as mãos no peito, mas Nekt, remoçado pela alegria, segurou-o pelo braço:

- Não, pare com isso, você não me deve honras - atraiu-o para si e abraçou-o muito apertado, beijando seu rosto como a um velho amigo. Mishe retribuiu o beijo e segurou o rosto de Nekt junto ao seu, mas o ghi'al afastou-o um pouco:

- Espere, deixe-me olhar para você. Deixe-me ver esse seu rosto, olha só, você continua exatamente igual!

- Claro que não, eu envelheci bastante, já faz tantos anos... - sua voz era como Don imaginara, doce e um pouco grave, apenas mais tímida e ligeiramente metálica.

- Quantos? Quinze, vinte?

- Foi na época que meu filho nasceu... Quinze anos. Minha nossa, você não envelheceu nada.

- Você já me conheceu velho - riu Nekt.

- Não, você nunca foi velho. No corpo talvez... Mas seus olhos... Alma-shaki, que bom ver você!

Preparava-se para beijá-lo novamente quando percebeu a aproximação de Heine, acompanhada por Anie. Deu um passo para trás e estendeu respeitosamente a mão esquerda:

- Enkaf. É um prazer conhecê-la.

- Então você é o famoso Mishe Palaki. Onde Anie escondeu você todo esse tempo? - disse ela, tocando seu pulso. Ele baixou os olhos e, retraindo-se, balbuciou qualquer coisa que Don não entendeu.

- Afinal, tenho que aproveitar este talento raro - sorriu o líder heakla, acariciando o braço do outro, que se recolheu ainda mais. - É culpa minha, Heine, Mishe passou quase todo o ano passado em missão. Agora a presença dele vai ficar mais comum, acredito."
:: Tovah ::
# 09:10 Dizaê!
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