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:: 19.11.04 ::

Capítulo V, parte 6.

No trecho anterior, deixamos o jovem ghi'al Don olhando o heakla Mishe à distância...

"O ghi'al esqueceu tudo: perdeu-se examinando o belo perfil, o esplêndido sorriso, a curva macia da ponta do nariz. Não soube quanto tempo se passou até que Anie quebrasse o silêncio:

- É tão fácil se apaixonar por ele.

Os dois jovens voltaram-se imediatamente. Mas o heakla permaneceu como estava, a cabeça loira afundada na mão e os olhos distantes. Apenas sorriu lentamente.

- Ele não é só bonito. Não é só o que vocês estão vendo. Também o que sentem. É inteligente, sensível, meigo... franco, fraterno... É uma criatura muito especial. Nunca vou perdoar um de vocês se o magoarem.

- Mas eu não sou um amante de homens, isso não vai acontecer! - exclamou Don, enquanto a voz de Kaylan se erguia:

- Sou recém-casado, como poderia amar um homem?

Anie deu uma risada e voltou-se para eles.

- O amor não é assim como vocês pensam. O amor é livre como a flor do ukar. Vai para onde o vento o leva. Nós pensamos que o temos sob controle, mas não, ele vai para onde quer. Isso é o que Mishe ensina; é o que faz dele tão especial. Não importa que bloqueios você tenha imposto ao amor, Mishe consegue derrubá-los. Ele tem esse dom, de despertar o que existe de melhor nas pessoas. E de pior também.

Suas mãos e seu olhar caíram sobre a mesa. Apoiou o rosto nos dedos e suspirou profundamente. Quando se ergueu, seus olhos estavam cheios de expressão novamente, não mais a maldade, mas uma profunda tristeza.

- Não se deixem enganar. Ele é muito corajoso, estóico mesmo, mas não é forte. Mishe é frágil, muito frágil. Passou por coisas horríveis, e tenho medo que outras ainda piores ocorram, sobreviveu a todas elas, mas as cicatrizes, as cicatrizes que realmente contam, cortaram a alma dele muito fundo, e não sei quantas mais ele vai aguentar. Não vou estar sempre por perto para apoiá-lo, não sei o que vai ser dele quando eu não existir. Vocês não podem entender, Mishe é como o filho que não tenho, eu..."
:: Tovah ::
# 19:18 Dizaê!
...
:: 10.11.04 ::
Capítulo V, parte 5.

No trecho anterior, Mishe foi conversar com a sukak Nalk à distância e Don ficou observando um pouco. Vocabulário: alma-shaki é uma interjeição; telal é o dom de Terl; shaska é o mesmo que casa sagrada.

"Quando voltou para os companheiros, notou que Kaylan permanecia absorvido pela cena. Anie, porém, parara de sorrir. Seu rosto estava enterrado nas mãos, e a franja cobria os grandes olhos. Ao sentir o olhar de Don, ergueu-se devagar, os cabelos de ouro toldando-lhe a face; parecia tão cansado, tão mais velho que apenas momentos atrás, e o ghi'al teve ímpetos de tomá-lo nos braços e pô-lo para dormir. Anie afastou a franja, suspirou profundamente, jogando os ombros para trás, e pareceu enfim relaxar. Um jorro de sentimentos, alguns dos quais Don não conhecia nem por nome, fluíram dele e atingiram o rapaz como um soco no rosto. Kaylan deu um gemido, virou-se como se sofresse um golpe e apoiou a cabeça:

- Alma-shaki! Se querem brincar de telal, por favor me deixem fora disso!

- Desculpe! - Anie tocou os cabelos de Kaylan com as duas mãos e sua voz tornou-se doce. - Me desculpe. Me desculpe. Está tudo bem? Perdi o controle, sinto muito. Está tudo bem? Você é sensível, não é? Sensível aos dons. Calma, respire fundo. Isso, erga a cabeça assim. Você é sensível. Dons altos, mas inúteis. Não é uma coisa muito comum, mas não tão rara que eu já não tenha encontrado antes. Foi por isso que deixaram você ser diplomata, não é? Porque não podia ser sacerdote.

- Não, eu... quer dizer, eu fiz testes na casa sagrada de Heida quando tinha uns doze ou treze anos, mas...

- Os Heidl e os Zaud quase não têm diplomatas, todo mundo sabe disso, nem coisa alguma. São clãs de sacerdotes, por isso têm tanto prestígio.

- Não é verdade, minha mãe... - parou confuso. Anie abriu um sorriso, riu alto.

- Sua mãe não é nascida Heidl, não é? Seus irmãos. O que fazem?

Kaylan pensou um pouco e deu uma risada sem graça:

- Minhas três irmãs estudam em shaska. Serão sacerdotisas, as três. Os outros são muito jovens. Quatro têm olhos verdes e também serão sacerdotes. Acho que você não deixa de ter razão. Mas eu escolhi meu destino e faço o que amo.

- Nunca vi um terlize de olhos verdes. Deve ser bonito - comentou Don com candura, mas Kaylan não estava prestando atenção. Seu olhar havia derivado novamente para Mishe, lá distante debruçado, a cabeça quase colada à de Nalk."
:: Tovah ::
# 08:27 Dizaê!
...
:: 3.11.04 ::
Capítulo V, parte 4.

No trecho anterior, Don, Kaylan, Mishe e Anie conversavam quando este último teve uma visão e, ao se recuperar, viu alguma coisa que provocou um sorriso sarcástico.

Vocabulário: al-Bakfai significa "a cantora"; enkaf é uma forma de tratamento a pessoas de status superior.

"Todos da mesa viraram-se para a sombra que se aproximava, e Don reconheceu pela corrente a pequena sukak tradutora. De perto, agora que o ghi'al acostumara-se com o rosto daquele povo, não parecia tão feia, os traços delicados transparecendo por entre os pêlos da face. Ela parou entre Kaylan e Mishe, apertando as mãos um pouco sem jeito, e fez soar sua voz quente:

- Por favor, desculpem, mas não pude deixar de ouvir o poema agora há pouco, é... muito belo. Quem é o autor?

- Ele é - Kaylan apontou para Mishe, sorrindo para ela. - Mishe Palaki-Thara dos heaklas é um grande poeta.

- Ah, sim? É um prazer conhecê-lo. Gostaria muito de musicar um poema seu.

- Seria um prazer - a voz do heakla voltou à timidez que sua expressão aberta negava. - Você é Nalk, não é? Nalk al-Bakfai?

- Ah... ora veja! Nunca imaginei que um heakla ouvisse música sukak! Nalk al-Bakfai sou eu, sim!

- Não me parece que seu trabalho possa ser chamado propriamente de música sukak - Mishe sorriu, desviando os olhos.

- Sim, sim, é verdade, meu trabalho não é nada tradicional, mas... como foi que você ouviu falar de mim? Não posso imaginar a minha gravação tocando na capital dos heaklas.

- Bom, claro que foi numa estrela sukak. Comprei a gravação como um presente para meu filho mais velho no fim do ano passado, quando estive em missão na estrela Knepr. Ele ficaria muito feliz se recebesse uma mensagem sua.

- Olha só! Preciso contar para o meu avô, já tenho um fã heakla! Ninguém achava que isso ia dar muito certo, e agora olha só!

A sukak parecia não caber dentro dentro de seu corpo pequenino de tanta animação, ria e torcia as mãos como uma criança. De repente parou e percorreu com os olhos os companheiros do poeta.

- Gostaria muito que me acompanhasse, enkaf, mas antes peço que me apresente a esses belos homens - correspondeu ao sorriso galante de Anie.

- Claro que sim, mas, por favor, não me chame de enkaf. Chame-me de irmão; é assim que os heaklas fazem. Anie Tame-He'ir, primeiro dos heaklas, você já conhece. Este é Kaylan Heidl, secretário dos terlizes, e Don Vari, da guarda ghi'al. Esta é Thinalk Ghel'er-ka... acho que não falei seu nome direito. Thinakle. Não, Fhinalke. Nunca vou conseguir. Fhinakl? Finalmente!

- Apenas Nalk, para vocês - ela riu do esforço do heakla, percorrendo com os olhinhos espertos o rosto dos dois jovens. Inclinou a cabeça de um jeito peculiar e olhou para o prato vazio de Mishe. - Se já terminou a refeição, gostaria que sentasse conosco um pouco para discutir sua poesia. Isso provavelmente vai garantir que alguns sukaks durmam cedo hoje... - deu uma risadinha. - Arte não é muito bem vista como profissão entre meu povo, ao contrário dos heaklas. Mas os artistas são transgressores, não são?

Estendeu a mão para Mishe, que aceitou, murmurou algo muito baixo e levantou-se ao lado dela. Ele estendeu os belos olhos azuis para Anie e não precisou dizer nada para que o líder abrisse um sorriso e, num gesto, o autorizasse a ir. Don seguiu-o com o olhar, viu-o cumprimentar Mej e outros sukaks na mesa distante, sentar-se e imediatamente mergulhar com a pequena no mundo intransponível dos artistas."
:: Tovah ::
# 15:25 Dizaê!
...

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